Explicar. Dizer o porquê dos porquezes ou lá como se chama a razão das coisas. Muitas vezes esticamos o braço, noutras tantas rodamos o pé. Sem o mais santo dos raciocínios ou por pura perdição. Assim tenho vivido. Bebendo copos e copos de decisões nada pensadas e de uma putice desvairada. Muitas vezes não sei se me espalhe em choradinhos inconsequentes ou se me amorfe em horas infinitas de contemplação e de reflexão zen. Rio. Um cavalo como meu em mansas reflexões. Como me perderia em alegres galhofadas de riso se fizesse tal coisa.
O Rui da loja disse-me que há relógios que não vale a pena arranjar. Uns porque são muito baratinhos outros porque tem peças a mais. Ainda não descobri que tipo de relógio trago no pulso. Se um ou se um dos outros. Uma coisa sem concerto dá-nos sempre um nó na barriga. Teve a sua função. Fez tic, fez tac. Não nos deixou dormir. Acordo-nos naquele dia importante. Coisas de relógio, minha gente.
Desaperto-o. Pouso-o em cima da mesa-de-cabeceira, ao pé dos Dostoieskys e dos Steinbeckes, do cotão e do despertador. Gosto dele mesmo assim. Duas vezes certo ao dia. Talvez precise apenas de uma pilha dos chineses, talvez seja fácil de arranjar, talvez o possa usar mesmo avariado. Gosto tanto dele que nem sei que hei-de fazer. Tiro-o só para dormir.
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