24/04/2020

Viver o 25 de Abril

24 de abril

Amanhã é o dia da Liberdade e deve obviamente ser celebrado na Assembleia da República ou à janela das nossas casas, com as condições que a situação actual impõe. Independentemente do discurso truculento e pouco inteligente da segunda figura da nação, o excelso Ferro Rodrigues e dos reacionários do polo oposto. É efetivamente uma data que deve ser lembrada e comemorada. Foi a partir desse dia que Portugal conseguir romper o espartilho de uma ditadura que nos condenou a 50 anos de mordaça, pobreza, guerra e subdesenvolvimento.

Tendo nascido muito depois do 25 de Abril de 1974 e filho de pais adolescentes à data, foi sempre com alguma alienação que vivi o 25 de Abril. Um dia sem escola em que uns “marretas” tinha discursos intermináveis no parlamento. Uma comemoração vocacionada para homenagear os homens da revolução (inteiramente justa, pelo menos para alguns) mas que sempre se esqueceu do mais importante que é a celebração da Liberdade e da Democracia.

Na escola e nos meios de comunicação fala-se pouco do que é a Liberdade, do que é a Democracia. Fala-se pouco da luta titânica entre os que queriam um regime democrático e os outros que queriam impor um regime totalitário. Não se fala do PREC, não se fala de Jaime Neves, do programa do MFA (que não tinha muito interesse no estabelecimento de um regime democrático), do Grupo dos Nove, do Conselho da Revolução, do 25 de Novembro, do papel do PCP na revolução.

Viver o 25 de Abril é falar do 25 de Abril. É falar da Liberdade e da Democracia.

Vivam o 25 de Abril!

17/04/2020

Toque. Toque.


O cobrador bateu à porta. Toque. Toque.


Bem abaixo do seu braço cinzento coçado e dos seus dedos cróceos, dedos de quem fuma enquanto espera que os pobres diabos se escondam nos quintais, trazia uma pasta roliça cheia de letras e números, sim muitos números do capeta, bem vermelhinhos. Trazia também um laço muito enrolado e forte e uma arma de bandido.

Toque. Toque. Toque. É a austeridade...

08/04/2020

As Rivellas deste mundo...

The Lumineers - Gloria


Durante os muitos anos em que vivi na Suíça nunca compreendi a fixação dos autóctones pela Rivella, um refresco carbonizado, não-alcoólico com 35% de soro de leite (sim leram bem, soro de leite...), basicamente uma zurrapa das piores...

Anos mais tarde percebi que os suíços bebem a referida mistela desde tenra idade, nos anos em que formamos os nossos gostos e pequenas manias. Infelizmente este tipo de condicionamento, isto é gostarmos das zurrapas mais indecentes, aplica-se em muitos aspetos da nossa vida, desde o fanatismo futebolístico à nossa ideologia política...


A sociedade portuguesa não se deve coibir de criticar o que não está bem... Sejam as zurrapas do pior, o mau jogo do benfas ou as ações menos conseguidas dentro do nosso espectro político...


Infelizmente em Portugal reina o pensamento acrítico, dicotómico e acéfalo...