Foi embora com mais pressa e tontura do que eu teria
imaginado. Fiquei torpe e sem sinais ou sentidos que me pudessem valer.
Cómico-trágico como em tudo na vida. Tudo muta, de um dia para outro. Umas
vezes bem altos, outras tantas em vales profundos.
Acabou o estudo, acabaram os dias sem cruzar a rua. Acabaram
os dias e noites passados no lado errado da janela do meu quarto, acabou-se a
barba desalinhada e os três quilos a mais e sobrou o resto de mim esmifrado e faminto
dessa coisa que os outros chamam vida e que eu decidi chamar a minha estúpida e
fantástica vertigem.
Amanhã, Segunda nascerei de novo. Ora são as aulas do alemão
que prometi a mim mesmo dominar antes do final do ano que vêm, ora são os
currículos para dar aulas nas Faculdades de Medicina, a fotografia, o livro que
sempre quis escrever, o ano comum, as urgências, as enfermarias.
Agora sim posso ser um Médico que escreve livros ou então um
tonto que escreve e é Médico.
Frio no meu quarto e em Marte…
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