18/04/2008

Sabes-me bem

No quintal da nossa casa todas as primaveras temos os morangos mais aprumados e sumarentos que já vi até hoje. Quando quero fugir de casa, é para lá que vou. Sento-me na cadeira velha e gasta do nosso quintal. Da cadeira vejo o nosso quintal, vejo os nossos morangos e até vejo as amoras desalinhadas e silvestres do quintal do Miguel. Muitas vezes irrito-me com as eiras excessivamente direitas dos nossos morangos e ponho os olhos no quintal do Miguel só para que possa ver essas tais amoras desordeiras e proibidas. Trinco os lábios com força, arranjando coragem para que um dia possa passar o cercado a salto e possa finalmente saborear o agrado daquelas amoras fora da lei

Um dia destes salto… Salto a pulo ou a nado e digo-lhe aos ouvidos: Sabes-me bem

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