Gosto da palavra nenhures…
Gosto…
Tenho uma paciência infinita. Às vezes pergunto-me como é que um gajo tão impulsivo pode ser tão paciente. Aprendi esta coisa de saber esperar em infinitas horas passadas em aeroportos. Foram várias as vezes em que passei mais de doze horas à espera de nova ligação. Doze horas podem parecer pouco, mas doze horas sem nada para fazer tendem sempre para o infinito. Olha ali nós agarradinhos às malas com medo das pessoas más. Olha ali nós pela vigésima segunda vez a admirar aquela loja Duty Free das gravatas. Olha nós na horizontal naquelas três cadeiras coladas que nos provocam a mais lancinante dor de costas…
Olha nós esperando que seja segunda-feira que vêm…
Dói-me tudo…
Foda-se morreu o rei…
Para quebrar o nervoso miúdo da espera, resolvi explorar a bela costa vicentina. Lentes e máquina fotográfica xptozzz, nada de reservas, nem tão pouco planos épicos apenas a carrinha, três mudas de roupa e um mapa.
Praias desertas fantásticas, maciços, arribas altivas coladas ao mar, montes e vales sem vivalma, caminhos de terra batida que não vão dar a lugar algum, ovelhas, vento…
Das terriolas por onde passei houve uma que mexeu comigo… Uma espécie de Santorini portuguesa, com casas empoleiradas ao longo de uma encosta e homens da faina… Burgau… Um dos últimos paraísos algarvios…
É muito comum ouvir portugueses dizerem:
Eu não sou racista mas...
Desculpa lá mas és… A ideia que não há racismo em Portugal é errada… Existe racismo em Portugal ainda que na maioria das vezes o mesmo seja dissimulado ou assumido cobardolamente…
Pedro Malagueta - Era Uma Vez o Espaço
Sempre me fez caso, dar-se o nome de composição à carruagem, como se o comboio só fizesse sentido com qualquer coisa agarrada, qualquer coisa que levasse pessoas com sítios para ir… Mesmo que essa coisa atrelada não o deixasse ir mais depressa e por onde ele bem entendesse.
Queimando-lhe a mais fogueada das liberdades.
Cada vez mais me convenço que não faz sentido esperar por alguém. O verdadeiro amor não espera, agarra-te logo pela mão, puxa-te para o lado, beija até doer, corre contigo, chispa, acende, incendeia, troveja. O verdadeiro amor não faz jogos, não espera pelo telefone. O verdadeiro amor é aquele tipo decidido que decide por nós.
O amor é uma coisa bem grande
Os Golpes - A Marcha dos Golpes
Mesmo quando se carrilham um monte de ocupações para fazer o tempo passar mais depressa, há sempre um intervalo onde acabamos invariavelmente por pensar em coisas parvas.
Foi o caso…
A ideia que o bloco passe a ser a terceira força política portuguesa causa-me comichões no rabo. Primeiro porque periga a existência do partido comunista. E qualquer país democrático que se preze precisa de um PC como deve ser. Segundo porque a chamada esquerda radical soma agora quase um quarto dos votos e nunca gostei muito de reformas agrárias e nacionalizações às três pancadas (o mesmo se aplicando a radicalidades de direita).
Sinceramente, gostava que o Bloco mudasse um pouco a cassete e se aproximasse mais a uma esquerda mais moderna e menos maoísta e pudesse finalmente congregar pessoas de esquerda mais moderada que já não se revêem no partido socialista.
Bom, bom, era acabar com o partido socialista e por lá um bloco de esquerda mais "modernaço" mas não me parece que o camarada e déspota Louça vá nesse samba-enredo…
A tão desejada vitória do amigo Federer no Roland Garros acabou por acontecer. É com enorme alegria que vejo finalmente o Roger ganhar os quatro torneios que compõem o Grand Slam. Um feito à medida da grandiosidade do maior jogador de ténis de todos os tempos. No entanto, fico com pena que não tivesse sido contra o Nadal. Uma vitória contra o Nadal em Roland Garros teria necessariamente outro sabor. Até porque Nadal, muito provavelmente, será considerado o melhor jogador de terra batida de sempre.
Engraçado… As vitórias deste Domingo do PSD, do CDS e do Bloco sabem-me ao mesmo… Vitórias mas vitórias a saberem a pouco… Ainda me interrogo sobre a razão que leva cerca de 800 mil almas a votar num PS com José Sócrates, Pinho, Lino, Santos Silva, Maria de Lurdes Rodrigues, Vieira da Silva e a impagável/intragável Ana Gomes.
Segundo rumores recentes das revistas cor-de-rosa, parece que Quique Flores não veio para Portugal só para foder o Benfica…
Não percebo. Não percebo a presença de bandeirinhas e de cantigas ridículas nos comícios. Não percebo os beijinhos nas feiras e as visitações aos hospitais.
Ao que parece não somos assim tão modernos e desenvoltos.
E para quando uma campanha em que se fale dos problemas reais do país e da Europa e se sugiram soluções em vez de se trocarem acusações vergonhosas entre os vários partidos.
Estamos à espera Ambrósios…
Achei a ideia realmente absurda, ou pelo menos disparatada, mas a Xana disse-me que era moda, que era uma coisa moderna e coiso. Dizer adeus aos pêlos do peito. Companheiros de tantas contendas vitoriosas, de tantos puxões à beirinha do êxtase.
Mas num acto tresloucado e depois de pensar no sucesso que este belo corpinho faria em alegres passeatas pela praia, cedi. Primeiro simulei um descuido. Um engano a fazer a barba acontece a qualquer homem distraído. Tinha no entanto, chegado a um ponto de não retorno. Estava fodido.
Barulho da máquina na peitaça. Sacudidela aqui, sacudidela ali. Barulho da máquina mais abaixo. Um peito lustroso como não via há quase vinte anos. A princípio achei piada a estes novos pulmões. Peitos proporcionados em grandiosas revelações. Peitos de homem como deve ser e não daqueles peitos em bico que parecem maminhas adolescentes. Porém, passadas umas horas já soluçava com saudades.
Foda-se, gosto mais de mim com pêlo no peito…